Situação corriqueira: um homem chega em casa e conversa com sua família no jantar. Durante a conversa, percebe que uma de suas decisões no trabalho foi tomada com base em um pré-conceito – e o alerta veio de seus filhos, que estão estudando inclusão na escola. Infelizmente, essa é uma cena comum dentro de inúmeras famílias brasileiras. E isso não é suficiente para que consigamos mudar o olhar da sociedade como um todo para a equidade de gênero. No mercado minerário, a discrepância entre homens e mulheres ainda é gigantesca. Somente 21% do nosso mercado da mineração é composto por mulheres. Isso precisa mudar.
Alguns dados mostram que as desigualdades de gênero no Brasil são profundas. Mulheres negras, por exemplo, têm cerca de 48% do rendimento de homens brancos, segundo pesquisa realizada em 2023 pela Fundação Getúlio Vargas. No mesmo ano, uma pesquisa do Pacto Global da ONU Brasil revelou que mulheres negras ocupam, apenas, 10% dos cargos de liderança em empresas.
O relatório anual produzido pelo Women in Mining (WIM) Brasil com empresas representantes de 80% da receita da mineração em 2023 demonstrou um crescimento da participação das mulheres– saindo de 14% no primeiro ano para 21% em 2023. Um aumento a ser comemorado, mas que ainda passa longe dos resultados que esperamos do setor, principalmente frente os mais de 51% de mulheres em nosso país.
Somente uma a cada 4 pessoas trabalhando no setor é mulher. Esse número indica a necessidade urgente de políticas e ações afirmativas para promover a equidade. Tais iniciativas devem, no entanto, ser implementadas com responsabilidade, evitando movimentos superficiais, que não trazem mudanças estruturais.
A diferença entre equidade e igualdade precisa ser compreendida. Equidade significa oferecer condições necessárias para que todos possam competir em pé de igualdade, considerando as diferentes necessidades e contextos de cada grupo. Para termos uma transformação real, as empresas precisam investir em políticas e procedimentos que permitam a equidade e deem oportunidades para grupos minorizados. Isso inclui adaptações físicas e culturais, como a inclusão de equipamentos de proteção individual (EPI) adequados para mulheres e a formação de equipes para lidar com a diversidade.
As políticas públicas também têm papel crucial na promoção da diversidade. A representação feminina na política é um passo essencial para garantir que as questões ligadas à diversidade sejam abordadas de maneira eficaz. Você sabia, por exemplo, que apenas 17% da Câmara dos Deputados eleita em 2022 é composta por mulheres? Você já parou para pensar nas ações que os seus candidatos têm feito para buscar aumentar a inclusão das mulheres no mercado de trabalho?
A implementação de vagas afirmativas deve ser vista como um meio, e não um fim. Essas vagas são importantes para corrigir desequilíbrios históricos, mas precisam ser acompanhadas de estratégias para garantir que as mulheres e outros grupos minoritários sejam efetivamente incluídos e valorizados no ambiente de trabalho. Não adianta contratar por contratar.
As grandes empresas têm a responsabilidade de liderar esse movimento, criando ambientes que não apenas acolham, mas promovam ativamente a diversidade e sejam um espaço seguro de desenvolvimento para as mulheres. Esse movimento precisa estar enraizado na cultura das empresas para que possa trazer um resultado real para o nosso setor e para o nosso país. O que você tem feito para promover a diversidade?